Dia desses vi um post de um amigo de infância onde se questionava se valia a pena brigar por política. Passado o tumulto das eleições presidenciais de 2018, chegamos a mais um debate acalorado: Cloroquiners vs Quarenteners.
Essa semana com a demissão do Ministro da Saúde, eu briguei por política com uma cloroquiner. Busco de todas as formas entender as pessoas, e acima de tudo conhecer todos os lados especialmente no momento angustiante e desesperador que estamos vivendo. E por mais que fatos e fontes falarem que o vírus não foi inventado e que a Cloroquina tem efeitos letais, porque caralhos as pessoas insistem na informação falsa? Em um ato passivo agressivo meu, mandei a bonita tomar Cloroquina e me retirei.
Entre estar certo e errado é melhor estar informado. Eu como jornalista sei como a informação deve ser processada e repassada, confio e desconfio de veículos de informação, mas todo e qualquer jornalista que leve seu juramento a sério sabe que a atuamos dentro dos princípios universais de justiça e democracia e acima de tudo conhecer os dois lados da história e não escolher lados. É um dever nosso falar a verdade, nada mais que a verdade, é esse o tweet. Nós também sabemos que donos de jornais são empresários e que às vezes, o dinheiro fala mais alto, fora as vendetas por inimizades ficarem muito claras em matérias tendenciosas. Um outro fator é o acesso fácil a plataformas digitais, o que transformou cada um de nós em jornalistas instantâneos. Não é a toa que programas policialescos e jornais comunitários contam com a população como fontes para mandar “furos” e denúncias.
A comunicação é instantânea porque, em certo sentido, ela não existe.
Pierre Bourdieu
Seguindo o fio da briga, depois de ter dado o meu recado eu até quis ficar ruim. Tipo: Porra, briguei com alguém que gosto. E agora? Só que eu não consegui me sentir ruim, até mesmo porque se conselho fosse bom, seria vendido e não dado. E por mais que a gente se importe não adianta dar murro em ponta de faca, infelizmente a gente vê aquilo que nos convêm. É presunção da minha parte dizer que eu estou certa, mas ainda sim é impossível ler e ouvir certas opiniões e ficar calada, deixar por isso mesmo, então eu acredito que vale a pena sim, brigar por politica. Afinal de contas, as ideologias politicas que temos são parte dos nossos princípios e isso ficou muito claro pra mim no pleito de 2018.
Um mês atrás eu tive um pau com o meu chefe por conta de polarização politica. Uma das minhas atividades é fazer um mini clipping diário e compartilhar com gerentes e diretores. Ele sabe quem são minhas fontes porque recebe meu report. Quando mesmo assim ele perguntou quem são minhas fontes e eu respondi UOL, Folha e G1 fui logo acusada de CO-MU-NIS-TA! Aquilo me deixou tão enojada, mas tão enojada que respirei fundo e disse que era melhor parar a conversa por ali. Ele insistiu no assunto e disse pra ele que não acreditava que ele pensasse daquela forma. Um cara formado, gerente de multinacional pensar de uma forma tão baixa, disse ainda que ele ter me chamado de comunista era idiotice da parte dele. Eu praticamente chamei ele de idiota num almoço da firma na frente do Gerente Geral e do Vice-Presidente da empresa and I´m not even sorry!
Se eu sou não Socialista de Iphone, Comunista, Hipócrita, Burguesa, Patricinha ou apenas mais uma menina mimada e chata falando sobre politica eu sinceramente não sei. Também não sei se continuarei amiga da Cloroquiner, estou de mal por enquanto. A única certeza que eu tenho é que ignorância mata e a cada dia faz mais vitimas com o desserviço deste governo. Eu como proletária preciso do meu emprego mas enquanto puder ficar em casa, sobrevivendo ao caos com o cy na mão e todos meus direitos trabalhistas garantidos serei uma boa quarentener e respeitarei o distanciamento social, físico e digital para evitar a fadiga e textões como esse. 😜
Fotos: reprodução
